quarta-feira, 14 de maio de 2008

Habitantes voltam a Chernobyl

Pessoas voltam para zona proibida de Chernobyl atrás de emprego.
Um aviso logo na entrada da cidade de Bartolomeyevka afirma que é proibida a entrada no local. Mas ao olhar em volta, dá para ver fumo a sair das lareiras das casas, cães nas ruas e habitantes a trabalhar.


O município situa-se na região da Bielorrúsia contaminada pela explosão. Bartolomeyevka sofreu tanto com a radiação, que dezenas de habitantes tiveram de sair do local. Apesar disso, após uma década, 10 habitantes voltaram para o local, desrespeitando o aviso na entrada do município.
Em vilarejos próximos - também contaminados - várias pessoas estão a voltar, atrás de empregos, já que sofrem com a pobreza causada nas repúblicas da ex-União Soviética. "Não se pode escapar da morte. É melhor morrer por causa da radiação, do que devido á fome", afirmou Ivan Muzichenko, 70 anos.
Muzichenko e a sua mulher, Yelena, vivem com uma pensão de cerca de US$ 200. O casal possui uma pequena horta, 10 gansos, uma vaca e um porco, todos mal-nutridos. Muzychenko não se importa com os avisos de que os vegetais e animais estarão provavelmente contaminado
s bem como plantas e frutas.
O presidente Alexander Lukashenko - que pôs os avisos em Bartolomeyevka - tenta encorajar a recolonização da zona proibida. Activistas e médicos afirmam que essa atitude ignora os perigos da radiação e escondem as estatísticas de doenças na região.
Vítimas da tragédia reclamam que o governo é relutante em ligar a radiação a problemas de saúde como doenças relacionadas ao coração, cranco e diabetes. Yakov Kenigsberg, um dos principais especialistas na área médica, afirma que apenas o cranco da tiróide é reconhecido internacionalmente ligada à contaminação por radiação e que ligar outras doenças ao a
cidente de Chernobyl é uma estupidez, sugerindo que a única razão para isso é a compensação monetária.
Mas Tamara Kurbatova, 40 anos, desempregada e mãe de três crianças discorda. O filho Pavel, que tem apenas 4 anos, recebe uma indemnização por sofrer de um cancro no olho, após esta ter conseguido reconhecer oficialmente que a doença foi causada pelo alto grau de radiação que ela propria sofria.

Cidades de toda a Europa lembram Chernobyl






Homenagens e protestos relacionados aos 20 anos da tragédia de Chernobyl foram realizados em diversas cidades da Europa.
Em Madrid, activistas da Greenpeace fizeram uma exposição com fotografias de vítimas do desastre e deitaram-se na Plaza Mayor, no coração da cidade, enrolados em sacos usados para embalar cadáveres. O gesto tinha a intenção de representar os mortos na explosão do reactor número 4 da usina na Ucrânia em 1986.
Em Paris, membros do Partido Verde francês repetiram o acto, em frente à sede da Electricite de France, a companhia estatal de energia eléctrica do país. Ofereceram ainda à empresa um arranjo de flores tipicamente usado em velórios. A empresa tem diversas usinas nucleares e muitos franceses consideram isso um risco para a população do país.
Segundo uma pesquisa, 95% dos franceses acham que o governo escondeu informações importantes sobre o desastre. Na época, autoridades de diversos países europeus impuseram restrições ao consumo de uma série de produtos que poderiam estar contaminados com radioactividade, enquanto que as autoridades da França ignoraram medidas de segurança neste sentido.
O leste da França e a ilha da Córsega foram fortemente afectados pela nuvem radioactiva vinda da Ucrânia após a explosão. Foram registrados níveis de radiação altíssimos, semelhantes aos encontrados na Polónia e nos países mais próximos da usina.
Na Turquia, manifestantes contra o uso da energia nuclear foram às ruas de Istambul maquilhados, com a aparência de cadáveres e mutantes. Estes carregavam cartazes dizendo "Eu confiei na energia nuclear", mostrando que, por mais lucrativa ou eficiente que uma usina possa ser, há o risco de ela matar a população do país ou criar uma geração de aberrações.
Em Berlim, Alemanha, activistas da Greenpeace montaram uma exposição de cartazes com slogans anti-nucleares no Portal de Brandenburgo, um dos marcos históricos da cidade, onde se desenvolveram os momentos principais da queda do Muro de Berlim em 1989.